Presos venezuelanos no centro de detenção de imigrantes de Bluebonnet na cidade de Anson, no Texas, fizeram sinal de “SOS” como um pedido de socorro para o mundo exterior na segunda-feira (28).
Os 31 presos formaram as letras no pátio da prisão e um drone da Reuters que voava nas proximidades registrou o momento.
Veja o vídeo dos detentos:
Dez dias antes, dezenas de detidos venezuelanos no centro receberam notificações de autoridades de imigração alegando que eles eram integrantes da gangue venezuelana ‘Tren de Aragua’, e estavam sujeitos à deportação sob uma lei de guerra, de acordo com documentos mostrados à Reuters, videochamadas gravadas e processos judiciais.
As famílias de sete detidos entrevistados pela Reuters disseram que eles não eram integrantes de gangues e que se recusaram a assinar o documento.
No entanto, horas depois, na sexta-feira (18), eles embarcaram em um ônibus com destino ao Aeroporto Regional de Abilene, de acordo com a União Americana pelas Liberdades Civis e familiares. A ação também aconteceu antes que o ônibus fosse devolvido ao centro de detenção.
Naquela noite, a Suprema Corte bloqueou temporariamente suas deportações. O Departamento de Segurança Interna não quis comentar sobre a interrupção.
A decisão foi um alívio para o grupo de venezuelanos detidos na prisão de Bluebonnet, que ainda correm o risco de serem enviados para a CECOT, a notória mega prisão de segurança máxima em El Salvador, para onde o governo Trump enviou pelo menos 137 venezuelanos sob a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798.
Caso a Suprema Corte suspenda o bloqueio, eles ainda podem ser enviados para a CECOT.
Mais sobre o centro Bluebonnet e os detentos fotografados
A instalação de Bluebonnet, localizada a 322 km a oeste de Dallas, é administrada pela Management and Training Corporation (MTC), sob um contrato com o Departamento de Imigração e Alfândega (ICE).
Batizada em homenagem à flor do estado do Texas, a unidade manteve uma média de 846 detentos por dia no ano fiscal de 2025, de acordo com dados de detenção do ICE.
Com o acesso às instalações de Bluebonnet negado pelo ICE, a Reuters sobrevoou o centro com um pequeno avião na semana passada, além de um drone nas proximidades para coletar imagens aéreas dos detentos. Alguns deles usavam macacões vermelhos, o que os identificava como de alto risco.
Diover Millan, de 24 anos, foi fotografado enquanto caminhava com outros quatro homens no pátio do centro de detenção. Outro venezuelano, Jeferson Escalona, de 19 anos, foi fotografado jogando futebol. A Reuters identificou outros três mostrando suas fotos a familiares.
Millan foi transferido para Bluebonnet em meados de abril, vindo do centro de detenção Stewart, em Lumpkin, Geórgia, onde estava detido desde que foi preso por agentes de imigração nos subúrbios de Atlanta, em 12 de março, de acordo com um alto funcionário do Departamento de Segurança Interna.
A Reuters não conseguiu encontrar antecedentes criminais de Millan, que trabalhava na construção civil. O funcionário do Departamento de Segurança Interna (DHS) disse que Millan era um membro “documentado” do ‘Tren de Aragua’, mas não forneceu nenhuma evidência.
Já Escalona, durante uma entrevista por telefone da Bluebonnet, afirmou não ter vínculos com o Tren de Aragua ou qualquer outra gangue. Ele afirmou que era policial na Venezuela antes de ser detido.
Durante o momento, as autoridades americanas confiscaram seu celular, e ele suspeita que tenham visto fotos dele fazendo gestos com as mãos que, segundo ele, eram comuns na Venezuela.
“Estão fazendo falsas acusações contra mim”, disse ele. “Não pertenço a nenhuma gangue.”
Escalona disse que pediu para retornar voluntariamente à Venezuela, mas teve seu pedido negado.
“Temo pela minha vida aqui”, completou. “Quero ir para a Venezuela.”
Centenas de milhares de venezuelanos vieram para os Estados Unidos nos últimos anos, fugindo do colapso econômico e do que os críticos chamam de repressão autoritária do ditador Nicolás Maduro.
Sob o governo do ex-presidente Joe Biden, muitos receberam proteções humanitárias temporárias que, atualmente, o governo Trump está tentando revogar.
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