O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta terça-feira (10) o pedido da defesa do bicheiro Rogério Andrade para trancar uma nova investigação que apura sua participação no assassinato de Fernando Iggnácio, ocorrido em novembro de 2020 em um heliponto no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio.
Preso desde outubro de 2023, Andrade alegava que o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Justiça fluminense estariam descumprindo decisão do próprio STF, que em 2022 havia trancado uma ação penal anterior por falta de provas. A defesa também pedia sua soltura imediata.
No entanto, o ministro considerou novas evidências, que surgiram no decorrer das investigações, e foram apresentadas no ano passado pelos promotores. Segundo ele, “não houve qualquer desrespeito ao que restou deliberado pelo STF”, uma vez que o acórdão anterior “expressamente destacou a possibilidade da continuidade das investigações e do oferecimento de nova denúncia […] na hipótese de surgirem novos elementos de prova”.
A decisão destaca ainda que, em 26 de julho de 2022, o Ministério Público instaurou o Procedimento Investigatório Criminal (PIC), que resultaram na obtenção de provas “suficientes para fundamentar uma nova denúncia” e identificar um novo envolvido no crime: Gilmar Eneas Lisboa, acusado de monitorar os passos de Fernando Iggnácio antes da execução.
“Vê-se, assim, que o ato reclamado não desrespeitou à autoridade da decisão invocada como paradigma. Ao contrário, nos termos da ressalva expressa que consta no acórdão, a autoridade reclamada informou a existência de novos elementos de prova suficientes para o recebimento da denúncia em desfavor do ora reclamado”, concluiu Nunes Marques.
Com isso, Rogério Andrade seguirá detido no presídio federal de segurança máxima de Mato Grosso do Sul.
A disputa entre Rogério Andrade e Fernando Iggnácio começou após a morte de Castor de Andrade, em 1997, quando o império do jogo do bicho foi dividido entre o filho, Paulinho, e o genro, Iggnácio. Rogério, sobrinho de Castor, não aceitou a exclusão e passou a disputar o controle.
Após o assassinato de Paulinho, em 1998 — atribuído a Rogério — o conflito se intensificou. Segundo a Polícia Federal, a guerra entre os grupos resultou em ao menos 50 mortes entre 1999 e 2007, incluindo de policiais envolvidos com os contraventores.
A CNN tenta contato com a defesa de Rogério de Andrade.
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